Dr. Artur Vasconcelos
28 de jan de 20213 min
Atualizado: 1 de fev de 2021
Cada vez mais os gateiros me cobram: cadê as informações sobre os felinos?
Mesmo na literatura estrangeira, é muito mais fácil encontrar informações sobre dietas bioapropriadas para cães. Por algum motivo desconhecido, a prática ainda é vista como tabu entre os tutores de gatos.
Não adianta nada jogar a culpa para o lado do veterinário, do tutor ou do bicho. Todo mundo sai perdendo. É um passo difícil? É, mas necessário!
Entendo que, para a maioria dos colegas, o volume de pacientes caninos no consultório é muito maior. Mas se informar sobre medicina e alimentação de felinos é uma forma de atender melhor uma população crescente. Em alguns países, já são os pets mais numerosos.
Poucos colegas orientam sobre dietas para felinos. Sem dúvida, felinos são mais intolerantes às mudanças na rotina alimentar e isso pode ser muito frustrante. Mas a culpa é mesmo do gato?
A maioria dos veterinários recebe pouco treinamento em medicina felina, ao ponto que a prática recebe um status de especialidade. E o tutor sabe disso. Muitas vezes entende mais de comportamento e saúde felina que o profissional. São estudiosos e exigentes, e não aceitam que seus animais sejam tratados como cães pequenos.
Supreendentemente, com os animais que mais seriam beneficiados com uma dieta estritamente carnívora, a prática ainda não “pegou”. Ninguém questiona o comportamento predatório dos gatos. Mas todos continuam oferecendo para eles rações compostas basicamente por grãos. Eles não são onívoros!
Vários mitos ainda circulam entre os gateiros, de que o bicho tem que fazer várias refeições ao dia, que não tolera jejum, que ficar dois dias sem defecar é anormal, que uma dieta rica em proteínas vai levar a problemas renais. Tudo isso está muito longe da verdade.
É muito importante que o gato seja apresentado a diferentes texturas de alimentos ainda novo, antes dos 6 meses de vida. Esse é um cuidado que deveria ser observado nos gatis e abrigos, ainda na fase de desmame, porque interfere na aceitação de novos alimentos na idade adulta.
O tutor que recebe um gato em casa deve iniciar a oferta de alimentos frescos o quanto antes. Mesmo que a opção inicial seja alimentá-lo com ração seca. Eu te garanto que a idéia de usar uma dieta caseira vai passar pela sua cabeça, em algum momento. E espero que não seja em situação de doença.
O primeiro passo para quem deseja mudar a dieta do gato para uma baseada em carne crua é estabelecer uma rotina de refeições, ainda com o alimento habitual. O gato não precisa comer inúmeras vezes ao longo do dia. Uma, duas ou três refeições são perfeitamente aceitáveis para um gato adulto. E está tudo bem se o gato passar um dia sem comer.
Um menor número de refeições diárias está associado a uma maior saciedade e melhor escore corporal. A obesidade é um dos maiores problemas com a espécie atualmente, o que é agravado pelo confinamento domiciliar e conveniência da castração.
Depois que o felino se adaptou a fazer menos refeições, é hora de testar alimentos com novas texturas, misturados à ração seca ou ofertados antes dela.
Aqui vale ser criativo: alimento industrializado úmido (sachet e enlatado), sardinha e atum enlatados, carnes diversas (cruas e cozidas), gema de ovo crua e iogurte natural são opções interessantes.
Não se preocupe com as proporções nesse momento, nem com suplementação. Comece com pequenas quantidades. Esse processo de transição pode demorar meses, dificilmente será linear, e exigirá a sua máxima paciência.
Somente depois de conseguir ofertar uma dieta 100% bioapropriada, adeque a suplementação. Evite variar demais a dieta, pelo menos de forma aguda. Para animais seletivos, forneça a refeição bem homogênea, para que os componentes menos palatáveis não fiquem para trás.
Atenção para a temperatura da comida: felinos gostam de comida morna ou em temperatura ambiente. E não cometa o erro de incluir vegetais na vida deles… digite “cat + cucumber” no YouTube e divirta-se!
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Conheça minha videoaula e apostila sobre ALIMENTAÇÃO NATURAL BIOAPROPRIADA para cães: