o que deve saber e o que podemos fazer
*Prefiro sempre falar sobre saúde, e não doença. Mas algumas merecem uma discussão especial, seja pela elevada incidência, gravidade, ou ambas. O câncer, sem dúvida, é um dos maiores temores da atualidade.
Trabalhei com pacientes oncológicos durante quase 8 anos no HV-UFMG e sentia diariamente o impacto não só físico, mas emocional da doença - para o animal, tutor e também para o veterinário. Muitas vezes, o sentimento de incapacidade era inevitável. Como ocidentais, temos dificuldades para lidar com a morte, e o câncer sempre nos lembra da sua iminência.
Se ainda não conseguimos prevenir tumores de forma satisfatória, nos resta enfrentá-los de forma inteligente. E no caminho, aprendermos muito mais que os mistérios da doença em si, mas o sentido de estarmos, pessoas e cães, juntos por aqui.
DOENÇA MULTIFATORIAL
Estima-se que não mais do que 10% dos tumores sejam de origem primariamente hereditária. A grande maioria é dependente de fatores ambientais que influenciam a expressão gênica, como poluição, tipo de dieta e intervenções (medicamentos e a castração, como exemplos).
Humanos e cães estão entre os animais que mais formam tumores. O que é até esperado, considerando que dividem muito do seu estilo de vida, nem sempre adequado. É provável que metade dos cães hoje vão apresentar algum tipo de tumor ao longo da vida.
PREDISPOSIÇÃO RACIAL E TRIAGEM
Ao contrário do que muita gente acredita, cães sem raça definida não necessariamente têm menos chances de desenvolverem tumores. No entanto, algumas raças, como Golden Retrievers e Rottweilers, apresentam incidência muito acima da média de alguns tipos específicos de tumores, como linfomas e sarcomas.
Tão importante quanto selecionar linhagens mais saudáveis e promover um estilo de vida adequado, é triar os pacientes oncológicos de forma precoce. Exames citológicos e de imagem (como ultrassonografias) podem identificar a doença numa fase quando ainda é possível tomar medidas curativas.
IMPORTÂNCIA DA DIETA
O fisiologista alemão, Otto Heinrich Warburg, ganhador do Nobel, postulou em 1924 o que chamamos de teoria ou hipótese de Warburg , que o tumor teria origem numa falha da respiração celular, ou produção de energia pela mitocôndria.
A célula tumoral é uma célula essencialmente “fermentadora” (respiração anaeróbia). Ela possui um metabolismo ineficiente para produzir energia a partir da oxidação de ácidos graxos e aminoácidos, mas uma facilidade para utilizar açúcar.
Além disso, a indução de um estado de cetose (comum ao jejum e em dietas ricas em gorduras) pode promover a autofagia de células anormais e a destruição tumoral.
RAÇÃO NÃO AJUDA
A maioria dos alimentos industrializados possui uma carga excessiva de carboidratos que, se não pode ser culpada como causa direta de tumores, não ajuda com o prognóstico de pacientes já diagnosticados com eles. Estudos mostram que animais com câncer alimentados com dietas restritas em açúcar tendem a viver mais.
Além disso, a maioria das rações é conservada ou potencialmente contaminada com substâncias sabidamente carcinogênicas, como BHT, BHA, Etoxiquina, bisfenol-A e aflatoxinas. Infelizmente, a legislação não obriga a descrição de substâncias não incluídas pelo fabricante, que já estejam na matéria-prima. Ou seja, não acredite no rótulo!
CIRURGIA e QUIMIOTERAPIA
O tratamento oncológico atualmente é suportado por duas técnicas principais, a remoção cirúrgica e a quimioterapia. São limitadas, como qualquer tratamento, mas extremamente importantes. Não devem ser desconsideradas por preconceito ou desinformação.
Felizmente o impacto emocional de cirurgias mutilantes é menor no animal, o que permite melhores margens na remoção de tumores. Ressalta-se que o tratamento quimioterápico na veterinária raramente tem o objetivo de cura, mas sim prolongar a longevidade, mantendo a qualidade de vida do paciente. Com isso, os protocolos tendem a ser menos agressivos e com efeitos colaterais contornáveis.
OUTRAS POSSIBILIDADES
O insucesso dos tratamentos convencionais para vários tipos de tumores pede uma urgência por novas abordagens. Imunoterápicos e medicamentos com alvos específicos já são realidade, assim como a radioterapia.
Felizmente, a medicina complementar é cada vez mais considerada para pacientes oncológicos, integrada à alopatia. A medicina tradicional chinesa, a nutracêutica, a medicina antroposófica (Viscum album) e a ozonioterapia, entre outras, oferecem um melhor entendimento do corpo como um todo e ajudam a ativar mecanismos auto-reparativos, que não são o foco da medicina convencional.
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