O cachorro se recusar a comer é um problema?
Sempre digo para “escutarmos” o bicho... existe uma grande diferença entre o que seria um comportamento anormal à espécie e aquele indesejável à nossa conveniência. Ele simplesmente pode estar dizendo: não é desse alimento que preciso.
A seletividade alimentar ainda é o gatilho número “1” para os tutores se interessarem por dietas caseiras. Comigo foi assim. E noto que é um problema que ficou ainda mais frequente em tempos de confinamento.
No entanto, isso pode perdurar mesmo na retirada da ração. A recusa de ingestão de elementos importantes - como ossos, vísceras e peixes - pode, em algum momento, até inviabilizar a prática.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o problema nem sempre está no cachorro, ou na comida. Mas sim em como (ou quem) oferece o alimento. Isso mesmo, na gente!
Odeio terceirizar a culpa e apontar o dedo para o tutor, mas é urgente o entendimento de que o cão não é uma criança pequena. Não precisa (nem deveria) comer várias vezes ao dia.
E o principal: a carga emocional depositada no alimento pode ser a grande responsável pela luta na hora das refeições.
Veja abaixo os pontos importantes que você deve considerar:
CERTIFIQUE-SE QUE ELE ESTÁ SAUDÁVEL
Seu cão pode estar com algum problema de saúde ainda sem diagnóstico, e nem sempre os sinais são claros. Especialmente para cães que param de comer de uma hora para outra, vale levá-los para uma consulta com um veterinário.
Problemas gastrointestinais (como hipocloridria e disbiose), infecções que levam a episódios febris, dores orais ou articulares crônicas, todos podem ser silenciosos. Enquanto não forem devidamente identificados e tratados, é bem possível que a ingestão de alimento não se normalize.
REVISE O MANEJO ALIMENTAR
Excesso de petiscos, comida deixada à vontade, restos oferecidos à mesa… erros no manejo alimentar ainda são muito comuns. Antes de mudar o tipo de alimento do cachorro, vale simplificar a rotina e oferecer o alimento somente 1 ou 2 vezes ao dia, em período restrito (5-20 minutos). Assim, o animal aprende a valorizar a “oportunidade para comer”.
Treino e enriquecimento ambiental com alimentos e mastigáveis só devem ser utilizados para cães não seletivos. Dificultar o acesso ao alimento, ou criar a expectativa da oferta entre as refeições, só atrapalham o processo de reeducação alimentar.
REDUZA A QUANTIDADE E A VARIEDADE
Uma situação comum (e paradoxal) no consultório é o paciente gordinho e chato para comer. Vejo com muita frequência cães que rejeitam alimento simplesmente porque os tutores oferecem uma quantidade excessiva.
Outra prática inadequada é variar demais as refeições, seja no mesmo prato, ou de um dia para o outro. O uso excessivo ou antecipado de suplementos em dietas caseiras também acrescentam fatores de confusão no diagnóstico do paciente seletivo.
TRABALHE A QUESTÃO COMPORTAMENTAL
O número de pacientes ansiosos tem crescido assustadoramente. Muitas vezes, o cão deixa de comer porque fica inseguro ao estar longe do tutor. Ou porque brincadeiras, passeios e interações se tornaram mais valiosas que o alimento.
Lembre-se que o cachorro é reflexo do nosso próprio comportamento. Digo que são “esponjas” dos seus tutores, que devem investir na própria saúde mental para ajudar seus animais. Desenvolver uma rotina para maior autonomia emocional, nas duas pontas da guia, é prioridade na promoção de saúde.
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