Muito mais que “crua com ossos”
DIFERENTES INTERPRETAÇÕES
No Brasil, a maioria do tutores não opta por dietas cruas com ossos, logo de cara. No exterior, alimentação natural é praticamente sinônimo desse tipo de prática.
Nem todos sabem é que o movimento de alimentar cães de forma mais natural ressurgiu na década de 80 com a idéia de aproximar a dieta do cão àquela do seu progenitor, o lobo. Com isso, vários autores, nem sempre veterinários, desenvolveram interpretações pessoais dessa dieta ancestral, com diferenças significativas entre elas.
Nenhuma é mais “correta” que a outra. A diversidade de dietas que vou apresentar ilustra essa amplitude de possibilidades, e como podemos encontrar bons resultados por caminhos diferentes.
RAW MEATY BONES
Considerado por muitos o papa da alimentação natural no mundo, o veterinário Tom Lonsdale é clínico e odontologista no subúrbio de Sidney. Ativista político em prol das dietas cruas, “deu a cara a tapa” nas entidades de classe e deixou um legado de saúde por todo o mundo.
Defende uma dieta que nomeia seu primeiro livro ‘Raw Meaty Bones”. O título é auto-explicativo: ele acredita que devemos alimentar nossos cães majoritamente com ossos carnudos crus, algo em torno de 70-80%, complementando com outros alimentos (carnes, vísceras e restos de comida).
Ou seja, nada de matemática, muita flexibilidade. É crítico dos rótulos que outros modelos de dieta ganharam e da complexidade que impede novos adeptos de abandonar a ração industrializada.
DIETA BARF
Contemporâneo e conterrâneo do Tom Lonsdale, o também veterinário australiano Ian Billinghurst não só escreveu um livro explicando sua interpretação da dieta ancestral, mas criou com ela uma marca. Acrônimo para “Biological and Apropriate Raw food” ou “ Bones and Raw Food”, a BARF é, talvez, o modelo de dieta crua mais reconhecido e replicado no mundo.
No Brasil, o modelo divulgado pelo excelente site cachorroverde.com.br é possivelmente uma tropicalização dessa proposta segura (e extremamente eficiente) de alimentar cães com ossos, carnes e vísceras cruas, suplementados com vegetais, óleos e algumas vitaminas.
PREY MODEL RAW
Se a idéia é aproximar a dieta do cão à do lobo, porque não simular uma presa em casa? Os defensores da dieta “modelo presa” tentam fazer exatamente isso, combinando as proporções de ossos (10%), carnes (80%) e vísceras (10%) que seriam encontradas nas principais presas dos lobos.
Na impossibilidade de oferecer um animal inteiro na refeição, criou-se o termo “frankenprey”, que nada mais é que combinar partes de animais de diferentes espécies domésticas, seguindo as proporções expostas acima.
INTERPRETAÇÕES MATEMÁTICAS
Alguns autores, como a veterinária integrativa americana Karen Becker, e o formulador de dietas comerciais cruas Steve Brown, criaram interpretações pessoais da dieta ancestral que se encaixam dentro dos valores mínimos e máximos de nutrientes estipulados pelo NRC (Nutrition Research Council) para a espécie.
Geralmente são modelos de dieta com uma certa inflexibilidade, talvez desnecessária no contexto individual da maioria dos cães. Com ingredientes de difícil acesso e/ou suplementações, podem dificultar o trabalho do tutor que está começando.
Mas por outro lado, são muito interessantes para serem utilizadas em formulações comerciais ou prescrições de dietas fixas (monodietas), evitando desequilíbrios quando se trabalha com populações de animais e pouca variedade.
Mais importante...
Mais importante que escolher o modelo “certo” de dieta para seguir em casa, é estudar o assunto e desenvolver a sua própria interpretação. Contar com o apoio de mentores ou profissionais experientes e avaliar os resultados de forma contínua é um caminho que reduz os riscos e aumenta a confiança na prática. Lembre-se: não existe dieta ideal, mas uma tentativa responsável de acerto. Feito é melhor que perfeito!
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