UM ÓRGÃO, VÁRIAS FUNÇÕES VITAIS
Uma triste realidade, a doença renal crônica (DRC) tem diagnóstico muito frequente no consultório. É caracterizada pela perda de uma ou mais das funções dos rins:
concentrar a urina
eliminar metábolitos nitrogenados do sangue
produzir a epoietina (hormônio essencial para a produção de hemácias)
Investir em nefroproteção é essencial, porque o rim não regenera e temos poucos recursos acessíveis na medicina veterinária para manejo do paciente insuficiente. Transplantes e hemodiálise ainda não são a realidade para a maioria.
DIAGNÓSTICO
Como doença silenciosa, a maior parte do tecido renal já foi perdido quando se alteram os valores de uréia e creatinina séricos e aparecem os primeiros sinais clínicos (perda de peso e aumento da ingestão hídrica e da micção)
A triagem precoce da DRC tem evoluído. Dosagem sérica de SDMA e exames que dosam proteinúria e GGT na urina podem ser úteis, especialmente se associados a exames de imagem (ultrassonografias). O estadiamento do paciente leva em consideração alterações laboratoriais e histórico clínico.
PRINCIPAIS CAUSAS
Na grande maioria das vezes é impossível identificar um único causador da DRC. A função renal do paciente é reflexo de uma vida de agressões, que incluem:
degeneração congênita
autoimunidade
infecções crônicas e agudas
doenças cardíacas e vasculares
intoxicações
dano medicamentoso
hipotensão anestésica
UMA NOVA HIPÓTESE
Repitam comigo: proteína não causa doença doença renal! Isso já foi demonstrado em diversas espécies. Ao contrário, a relação da dieta com a doença pode ser bem diferente.
Sugere-se que uma dieta rica em carboidratos é danosa para os rins. Simplificando algo bem mais complexo, ela eleva cronicamente os valores de insulina, que alteram a fisiologia normal do glomérulo renal. Considere que, em humanos, as principais causas de DRC são o diabetes mellitus, a obesidade e a hipertensão.
O que dizer da combinação entre cães e gatos gordinhos e a ração industrializada, riquíssima em amido?
PRIORIDADES
Antes de pensar em uma dieta especial, o veterinário e o tutor devem alcançar doisobjetivos primários:
oferecer uma dieta úmida, hidratante
alcançar o consumo calórico adequado
Há um constante desafio de desidratação, inapetência e catabolismo muscular. De nada adianta uma dieta “perfeita”, se o paciente não a aceita bem e fica malnutrido! Não vejo o menor sentido na oferta do alimento industrializado seco, mesmo da linha terapêutica, para um doente renal.
AJUSTE DA DIETA
A dieta caseira, além de úmida e mais palatável, permite um ajuste progressivo às necessidades do paciente, de acordo com seu estadiamento. Nem todo paciente precisa das mesmas restrições. De forma geral, a dieta para o nefropata deve ser limitada em fósforo e sódio.
A restrição protéica só é bem-vinda em pacientes que sofrem de azotemia importante ou uremia. Na maioria das vezes, isso deixa a dieta menos palatável e nutritiva. Nessas situações, usar mais gordura pode ser a melhor saída.
SUPLEMENTOS
Atenção especial deve ser dada para a suplementação de potássio e vitamina D. O uso de nutracêuticos, como coenzima Q10, ômega 3, CBD e extrato de própolis pode ser interessante, mas as evidências são limitadas.
Alguns quelantes de fósforo de origem natural, como chitosamina, podem ser menos tóxicos que o habitual hidróxido de alumínio.
Recentemente, apareceram no mercado, produtos veterinários com alto custo e formulações, no mínimo, duvidosas. Não caia no golpe dos suplementos milagrosos!
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