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SUPLEMENTAÇÃO - Realmente essencial?

  • Foto do escritor: Dr. Artur Vasconcelos
    Dr. Artur Vasconcelos
  • 13 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de jan. de 2021


A maior insegurança de quem resolve preparar a comida do cachorro: ele vai receber tudo que precisa? A dieta vai ser suplementada? Minha resposta objetiva é que o uso racional de suplementos não é sempre essencial, mas uma boa ideia no contexto da maioria dos tutores.


E por racional, entenda-se algo diferente de uma combinação infinita de cápsulas ou um “pozinho entrega tudo”.



“COMPLETO E BALANCEADO” NÃO EXISTE


As próprias agências reguladoras da produção de alimentos industrializados para cães e gatos afirmam: os níveis recomendados de nutrientes não são os níveis ótimos ou mínimos necessários. Sabe por quê? Não passam de sugestões para garantir segurança a curto prazo. E o pior, nem isso as rações conseguem entregar.


Verdade seja dita, a gente não sabe com precisão quais são as necessidade nutricionais de uma espécie, e possivelmente existem variações individuais significativas. Avaliar o contexto de cada paciente e o perfil da dieta é sempre a melhor opção para definir a necessidade de suplementação.



UMA BOA IDÉIA


Monodietas, sejam elas comerciais ou caseiras, podem ter sua viabilidade fundamentada no uso de suplementos, especialmente quando utilizamos um grande volume de material vegetal (como grãos, verduras e tubérculos) - alimentos não bioapropriados para carnívoros.


No entanto, sempre recomendo utilizar a própria comida para suprir as necessidades nutricionais dos animais. Para cães e gatos, é inegável que os alimentos animais, como carnes, ossos, vísceras e ovos concentram em maior quantidade os nutrientes essenciais, em formato melhor aproveitado pelo organismo.


UM GRANDE DESAFIO


Infelizmente, é quase impossível encontrar as diferentes partes de um animal de abate nos centros urbanos. A melhor nutrição para um carnívoro é encontrada na oferta regular e variada de vísceras, algo entre 5 e 15% do total de alimentos.


Considerando isso, estimulo os tutores e os colegas a serem criativos, e adicionarem pequenas quantidades de alimentos menos “óbvios”, como mexilhões, algas e algumas sementes, para suprir deficiências de alguns nutrientes difíceis de serem encontrados, como selênio, iodo, zinco, manganês e vitaminas D e E.


CÁLCIO E FÓSFORO


Toda dieta que não inclui ossos (característica de toda dieta cozida) deve ser suplementada com uma fonte extra de cálcio. E se o cão ou gato for filhote, possivelmente de fósforo também.


A deficiência absoluta ou o desequilíbrio entre esses dois minerais é o problema mais comum que observo em dietas caseiras. Em médio prazo, consequências graves e irreversíveis podem aparecer se esse detalhe não receber a atenção devida.


Suplementos comerciais, carbonato ou citrato de cálcio, casca de ovos pulverizada e cálcio de ostras, entre outros, podem ser prescritos pelo veterinário, e rigorosamente seguidos pelo tutor.



FORMULAÇÕES COMERCIAIS


Hoje temos no mercado suplementos comerciais que trazem segurança e praticidade para a oferta de dietas relativamente simplificadas. Mas questiono a real absorção e utilidade de vários componentes incluídos nesse tipo de produto.


Não podemos simplesmente manter a falsa sensação de segurança (e dependência) que hoje temos com as rações, redirecionando-a aos suplementos. Reforço que é perfeitamente possível, e financeiramente mais viável, fazer a suplementação de eventuais carências na dieta com manipulações prescritas por veterinários experientes.


NUTRACÊUTICOS


Nutracêuticos são compostos bioativos concentrados, geralmente considerados de ingestão não essencial, utilizados com objetivos terapêuticos específicos. Alguns nutrientes essenciais, como ácidos graxos da série ômega 3 e vitamina D, quando oferecidos em dosagens otimizadas (acima do mínimo recomendado para a espécie) também podem ser usados para esse fim.


Exemplos de nutracêuticos comuns na minha prática incluem a betaína HCl, quercetina, AHCC, curcumina, pancreatina e UC-II. Mas entenda que eles nunca vão corrigir uma dieta inadequada, não é a função deles.




Alguns pontos para refletirmos um pouco:


1) Os animais de abate hoje tem composição lipídica e micromineral diferente dos animais silvestres.


2) Temos acesso restrito às diferentes partes desses animais no açougue.


3) Todo ser vivo possui mecanismos (limitados) para estocar e excretar nutrientes.


4) Os alimentos tem composição nutricional que varia ao longo do tempo e condições de produção.


5) Os estudos que estipulam as necessidades nutricionais são poucos, falhos, extrapolados de outras espécies e geralmente adequados somente ao contexto de produção comercial de alimentos para cães e gatos.


6) Nutrientes sintéticos ou processados tem absorção diferente dos nutrientes contidos nos alimentos frescos. Pouco se fala sobre as interações entre nutrientes e o impacto dos fatores anti-nutritivos.


7) A indústria de suplementos e rações é mal regulada ou fiscalizada. E não entrega as promessas dos rótulos.


8) Suplementos usados de forma incorreta, ou com controle de qualidade falho, oferecem um sério risco para a saúde do seu animal.


Deu para sentir o tamanho do problema, né? A solução mais sensata é se preocupar mais com os alimentos, e menos com a “letra miúda”.


Faça sua parte, estude, entenda o que está fazendo. É o melhor que pode fazer pelo seu animal.


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