Dr. Artur Vasconcelos
18 de nov de 20203 min
Atualizado: 14 de dez de 2020
Todo mundo já escutou a frase: “viver é arriscado”. Nossa necessidade crescente de controle das adversidades tem uma consequência direta sobre a qualidade de vida dos nossos cães. Não é incomum receber pacientes que vivem por anos trancafiados em apartamentos ou quintais, porque o tutor evita os potenciais problemas que estariam do lado de fora.
Esse medo, por outro lado, expõe o animal a outros riscos. Problemas comportamentais, disbiose, obesidade. Uma existência miserável. O quadro sempre se repete.
O privilégio de termos cães em casa sempre é associado à possibilidade de perdê-los, em algum momento. Deveríamos é evitar riscos idiotas e montar planos de ação em caso de acidentes, ao mesmo tempo que oferecemos uma vida de aventuras aos nossos amigos.
O tutor conhece o comportamento do seu cão, ou pelo menos deveria. Evite localidades que ofereçam mais riscos de acordo com a sua capacidade de controle. Animais sem treinamento, ou pouco confiáveis, devem sempre ser conduzidos na guia. Invista em treinamento e comunicação eficiente com seu animal.
Outro detalhe importante é certificar da existência de acesso e resgate rápidos, em caso de acidentes. Em viagens e passeios na natureza, procure saber onde estão as clínicas de urgência mais próximas. E avise amigos e parentes, caso precise de ajude.
A linha entre a proatividade e irresponsabilidade é tênue. As consequências de primeiros socorros incorretos podem ser maiores que o motivo primário do problema. Não administre medicações sem orientações. Tente manter a calma e tranquilize seu animal. A vida dele depende das suas ações.
Durante uma crise não é o melhor momento para aprender sobre primeiros socorros. É importante se familiarizar com pequenos procedimentos urgenciais, no consultório ou com literatura indicada pelo veterinário.
Invista em um conjunto básico de equipamentos para uso emergencial. Faça a customização desse kit junto com seu veterinário, que indicará as drogas e dosagens de acordo com o porte e histórico do seu cão. Minha sugestão para quem vai para o mato com o cachorro (ou mesmo para ter em casa ou no carro):
- Telefone celular com carga e lanterna
- Atadura elástica aderente, gaze e esparadrapo
- Pinça hemostática e tesoura
- Solução salina
- Luva para procedimentos
- Analgésico/antitérmico
- Antialérgico
- Carvão ativado
- Água oxigenada
- Antiparasitário externo com ação imediata
- Cordão ou mordaça para contenção oral do cão
- Seringa de 10ml com agulha
- Termômetro digital
- Toalha
- Lenços umedecidos
- Vasilhame colapsável
Na região de Cerrado, o medo número um de quem vai fazer uma trilha com o cachorro são as serpentes. Acidentes ofídicos são incomuns, mas sempre possíveis, especialmente nas estações quentes e úmidas. Animais tendem a se respeitar. No entanto, observe sempre onde você pisa, e ensine ou impeça a aproximação do cão a qualquer animal encontrado na natureza.
Em caso de acidente, é importante agir rapidamente. Não faça torniquetes ou aplique nada no animal. Procure uma clínica veterinária o quando antes (geralmente você tem algumas horas) e tente bater uma foto da serpente, se for seguro, para nortear o tratamento. Algumas serpentes não são venenosas e não demandam a aplicação de soro antiofídico.
Por outro lado, picadas de insetos e aracnídeos, ou alergias à plantas, são bem mais comuns. Na maioria das vezes, causam dor ou desconforto, e são autolimitantes. No entanto, alguns cães podem ter reações anafiláticas agudas com alto risco de complicações.
Nesses momentos, proatividade é essencial. Reconhecidos os sinais (edema facial, urticária, dificuldade respiratória) a agilidade do atendimento veterinário ou mesmo aplicação de um antialérgico pode salvar seu cão. Converse com seu veterinário sobre a dosagem do medicamento mais seguro.
Os acidentes mais frequentes em passeios são quedas, cortes e traumas. Geralmente tem menor importância, mas fatalidades não são incomuns. Avalie sempre a segurança do ambiente antes de levar, ou pelo menos, soltar seu animal da guia.
Em caso de cortes e abrasões, apare os pêlos do local com uma tesoura, retire debris, lave bem o local afetado com solução salina e aplique um bandagem com gaze na lesão até conseguir atendimento veterinário.
Aproximadamente 25% dos meus pacientes são Bulldogues Franceses (e adoro a raça!). Mas infelizmente, o extremismo anatômico deles e de outros braquicefálicos os tornam muito susceptíveis a quadros de hipertermia.
Evite passeios em dias e horários mais quentes, assim como trilhas sem sombra ou água. Sempre leve uma garrafa com água e gelo, e uma toalha para ser molhada. Caso observe sinais como hiperventilação, salivação anormal e cansaço excessivo interrompa o passeio imediatamente. Procure atendimento veterinário e no caminho, tente abaixar a temperatura corporal do animal.
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